quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Poema duma mãe



Se...


Se eu pudesse,
de bom grado me deixaria guiar pela tua mão
nos labirintos misteriosos do teu ser
me fundiria em cada célula tua
e, sangue do meu sangue
iria em busca de te conhecer.


Então,
poderia ver o mundo através dos olhos teus
entender o teu Sol e a tua Lua
descodificar os sons
os cheiros
as sensações
do teu jeito
dentro do teu peito.


Perceber porque
choras sem motivo aparente
o que te leva a sorrir de contente
porque te guardas e escondes
de que te defendes?
é assim tão mau o mundo que te dei?


Sei que
guardas para ti
as palavras
as emoções
os pensamentos
os desejos
as paixões
as frustrações
as ilusões
o conhecimento
o entendimento
e talvez não entendas
porque não te entendemos.


O que é tão óbvio
que não enxergamos?


Queria ouvir-te acordado
sem medo de errar
sem medo de não ser perdoado
Teria o trabalho facilitado.


Assim,
resta-me acompanhar-te
nas lágrimas que não entendo
nos sorrisos
na linguagem do olhar
da cumplicidade
e do amor.
Proteger-te
com a própria vida
se preciso for.
Tentar perceber-te
nos gestos
nas posturas e expressões
acertando o bater dos nossos corações.


Com os meus monólogos
dou-te a conhecer o meu mundo
enquanto o teu
permanece mistério
bem guardado lá no fundo.


Ai, se eu pudesse
ver, tocar o bicho papão
há muito te teria resgatado
para o meu abraço
para este mundo
que para ti não está preparado.


És a minha obra mais completa
mais complexa
mais fascinante e especial
e, não consigo entender
porque a impotência
sempre sobressai no final.

retirado deste blogue

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