quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Um filme




O filme Amargo Pesadelo estava a ser rodado no interior dos Estados Unidos.
O director fez uma locação a um posto de gasolina nos confins do mundo, onde aconteceria uma cena entre vários actores contracenando com o proprietário do posto onde ele também morava com sua mulher e filho. Este último, autista, nunca saía do terreno da casa. 
A equipa parou no posto de gasolina para abastecer e aconteceu a cena mais marcante que o director teve a felicidade de encaixar no filme. 

Num dos cortes para refazer a cena do abastecimento, um dos actores que sendo músico andava sempre acompanhado do seu instrumento de cordas aproveitando o intervalo da gravação e já tendo percebido a presença de um garoto que dedilhava um banjo na varanda da casa aproximou-se e começou a repetir a sequência musical do garoto. 

Como houve uma 'resposta musical" por parte do garoto, o director captou a importância da cena e mandou filmar.
O restante vocês verão no vídeo. 

Atentem para alguns detalhes: 
- O garoto é verdadeiramente um autista; 
- Ele não estava nos planos do filme; 
- A alegria do pai curtindo o duelo dos banjos... dançando 
- A felicidade da mãe captada numa janela da casa; 
- A reacção autêntica de um autista quando o actor músico quer cumprimentá-lo. 

Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que tudo, a alegria do garoto. 
A sua expressão. No início está distante, mas, à medida que toca o seu banjo, ele cresce com a música e vai se deixando levar por ela, até transformar a sua expressão num sorriso contagiante, transmitindo a todos a sua alegria. 
A alegria de um autista, que é resgatada por alguns momentos, graças a um violão forasteiro.
O garoto brilha, cresce e exibe o sorriso preso nas dobras da sua deficiência, que a magia da música traz à superfície.
Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua parcela de beleza eternizada "por acaso" no filme "Amargo Pesadelo" (Ano: 1972).

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